sexta-feira, 30 de julho de 2010

A tripulação do Taouhiri continua revoltada com a fome e começo a ficar preocupado com a situação. Desde que projetei a expedição a Noronha e não consegui nenhum patrocínio (salvo o Sardinha que acreditou e bancou uma parte desta viagem), já imaginava que em algum momento teríamos problemas. Só não pensava que fosse acontecer tão cedo. Hoje ganhamos alguns bombons da Garoto, cuja fábrica fica aqui em Vitória, e fui rápido comê-los todos porque sabia que seria sumariamente despojado deles no primeiro descuido. Sorte a nossa que hoje teremos uma paella capixaba oferecida pelo Iate Clube do Espírito Santo e assim poderemos temporariamente estar em paz. Espero que esta paella ajude a aliviar o clima tenso entre a tripulação.
Previsão de zarpar lá pela segunda ou terça, a depender da meteorologia.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Búzios - Vitória

Saímos de Búzios as 4 da tarde com um bom vento pela aleta de popa. Com todas as velas em cima fazíamos 6 nós. Depois de duas horas o vento começou a diminuir e então motoramos o resto da travessia, ajudados pelo vento. A noite estava clara pela lua cheia e o mar pequeno, liso e a favor, o que propiciou uma navegação maravilhosa. O mar mais parecia uma grande lagoa calma. Chegamos em Vitória por volta das 19:00hs do outro dia, deois de 27 hs, numa média excelente. Há dois anos exatamente fizemos este mesmo percurso em 33 hs. Não houve um único respingo de mar a bordo pelo vento e pequeno mar a favor, o que permitia cozinhar e descansar.
Nosso sistema de turnos era de duas horas para cada um no leme. Tirando mais algum tempo para cuidar da navegação, da comunicação entre outros veleiros e para a alimentação, acabava sobrando umas três horas para o descanso. Ainda deu para o Victor instalar um super sistema de piloto automático, um criativo e simples extensor que prendia na frente do painel de instrumentos e era atado na roda do leme. Impressionante como funcionou, mantendo o barco sempre no rumo desejado. Isto nos permitiu ter ainda mais folga na condução do barco, já que apenas de vez em quando íamos conferir a rota e ajustar eventuais desvios. Um mecanismo que tratarei de patentear.
Motim a bordo. Tivemos uma pequena revolta por parte da tripulação quando alguns pães de nossa despensa sumiram. Ninguém assumiu a culpa e uma CPI foi instalada e muito provavelmente vai acabar em pizza.

segunda-feira, 26 de julho de 2010



Valeu a espera! Foi uma navegada espetacular, com mar pequeno e a favor, ventos de fracos a moderados sempre a favor, lua quase cheia e um monte de veleiros deslizando do Rio a Búzios. O barco esteve muito estável, permitindo até cozinhar a bordo.
Bem diferente daqueles veleiros que saíram antes, impacientes que estavam no Rio. Pegaram ondas grandes e vento forte contra. As ondas varriam o convés dos barcos, um perdeu o bimini e todos sofreram muito até chegar a Búzios, levando de 18 a 30 horas nesta perna de 84 milhas. Nós levamos apenas 12 horas, numa boa média de 7 nós.
Ontem a Associação Brasileira dos Veleiros de Cruzeiro ofereceu a todos os velejadores um belo churrasco aqui na sede do Iate Clube de Búzios. A julgar pela fila que se formou para as saladas e para a carne estavam todos famintos. Agora esperamos uma janela para subir até Vitória, o que para mim é a perna mais difícil deste cruzeiro. São 190 milhas tendo pela frente o Cabo de São Tomé com seu regime de ventos de nordeste e uma forte corrente que desce a costa do Brasil. Sempre tem-se que aguardar alguma pequena janela para poder passar. As frentes frias que vem do sul normalmente dissipam-se na altura do Rio e poucas conseguem alterar este regime de ventos nesta parte da costa.
É um belo clube este aqui de Búzios, bem descontraído, boa estrutura e localizado numa excelente baía, bastante abrigado do vento nordeste. A cidade está bem movimentada, com uma festa religiosa que leva vários dias e que traz muita gente além do fluxo normal de pessoas. Várias escunas passam lotadas com alegres turistas e as ruas fervilham à noite.