sábado, 21 de agosto de 2010

20/8

Deixamos Camamu às 05:00 horas da manhã, depois de dois dias de espera por melhores condições de mar. Havia aviso de ondas muito altas e fortes ventos nos dias anteriores. Alguns saíram anteontem e parece que tiveram algumas dificuldades pelas ondas grandes, velas rasgadas e um refúgio em Morro de São Paulo. Fizemos uma navegada bastante tranquila, um ou outro pirajá, que são aquelas nuvens isoladas que trazem muita chuva e ventos intensos mas que são bem passageiros. Aparecem repentinamente e somem em alguns minutos. Então ficamos naquela de sobe vela, baixa vela, etc... Chegamos no final da tarde no Iate Clube de Aratu, uma baía hiper abrigada ao fundo da Baía de Todos os Santos. Ainda trazemos na memória os bons momentos de Camamu...
17/8
Já aquelas praias recentemente descobertas começam a formar polos de um turismo mais elegante com algumas pousadas de luxo e uma certa seletividade, o que no geral confere um ar bem descontraído para localidades como Taipú de Fora, Barra Grande, Três Coqueiros, Bombaça, Ponta do Mutá, e outras mais ao sul. Outros lugares situados mais adentro da Baía de Camamu são bem mais simples, como Campinho, Sapinho, Ilha Grande, Ilha do Goió e Taipu de Dentro. Ainda mais adentro da baía, aí sim, há lugares espetaculares por sua originalidade como Camamu, Cajaíba do Sul e Maraú.
Cajaíba do Sul é famosa por seus estaleiros de escuna, atividade passada de pai para filho desde sua ocupação, dizem, pelos holandeses há muito tempo. É impressionante observar esta atividade completamente artesanal vendendo suas escunas e saveiros para todo o Brasil e mesmo para o exterior.
15/8
Ao contrário de Sto. André, Camamu é uma ampla baía 65 milhas ao sul de Salvador. A cidade fica mais adentro da baía, enquanto estamos fundeados logo na entrada e onde há vários povoados de ambos lados do rio. A ancoragem é tranquila e a correnteza alterna-se a cada seia horas, quando a vazão do rio é muito forte. Na realidade as pessoas vivem em função destas marés e a vida decorre em grande parte destas mudanças do rio. Nas caminhadas pelos povoados sentimo-nos como numa volta ao passado com poucas casas mal conservadas espalhadas por trilhas de terra. Eventualmente deparamo-nos com alguns habitantes naqueles vilarejos mais remotos. Grande parte da vegetação é de extensos manguezais e estuários onde há uma enorme variedade de peixes, lagostas e caranguejos.
Camamu é uma das mais originais cidades baianas. Fundada por volta de 1560, mantém ainda hoje traços da história em sua arquitetura e nos costumes do seu povo. Como não foi muito afetada pela indústria do turismo, já que serve apenas como ponto de passagem para quem vem de Salvador ou via terrestre de outras localidades para aquelas praias de mar aberto no início da baía, conseguiu manter quase intocada uma autenticidade bastante incomum de outras cidades brasileiras.
12/8
Este trecho foi curto (65mihas) e duro. Muito duro. Na saída de nosso pequeno grupo dissidente, já que alguns poucos não aguentavam mais ficar em Ilhéus e queriam aproveitar o bom vento sul dos últimos dias para velejar, deu para sentir que as coisas não seriam tão fáceis assim. Logo nos sentimos numa gigantesca máquina de lavar, com um mar desencontrado e pouco vento sul, o que obrigou-nos logo de cara a baixar as velas pois elas não se sustentavam e ficavam batendo para todo lado, o que era uma tortura. O negócio só melhorou após a altura de Itacaré, umas 30 milhas mais a frente. Ou seja, já na metade do caminho. O mar se ajeitou um pouquinho e apareceu um pouco mais de vento, o que proporcionou uma velejada com a genoa. O que não teve jeito foi a chuva, intensa durante toda a noite negra. Uma escuridão absoluta, sem estrelas, sem lua, nuvens baixas e pesadas. Apenas na chegada tivemos um refresco e uma bela visão da entrada da baía de Camamu, outro daqueles lugares que não se pode esquecer. Lugar primitivo, povoado por pescadores e pessoas muito simples, mas de uma beleza indescritível. Ancoramos ao lado de pequenas praias de areias claras cheias de coqueiros e algumas pousadas. Pequenas e exóticas embarcações passam ao nosso lado transportando todo tipo de material para os moradores da região.