quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sto André - Ilhéus

Foi com o coração meio partido que deixamos Santo André. A verdade é que o lugar é simplesmente fantástico e seu povo super querido e amável. Dá vontade de morar por ali, ou pelo menos ter alguma coisa que nos faça sempre retornar. No último dia oferecemos uma rodada de cachorros quentes para uma turma de garotos, que mataram o 1° dia de aula só para ficar seus últimos instantes conosco. Nos ofereceram côcos verdes e algumas frutas de cacau, que não temos a mínima idéia de como se come. Ficamos de enviar-lhes algumas coisas pelo correio, já que são extremamente carentes. Mesmo com tantas dificuldades são crianças alegres e tranquilas. No dia anterior ficaram um bom tempo contando-nos piadas e demos boas risadas. A vinda para Ilhéus foi sem problema algum, exceto a falta de vento que obrigou-nos a motorar quase todo o tempo.
Já em Ilhéus corremos a visitar Itacaré, que fica a uns 65 km daqui. Itacaré na verdade não é uma praia, mas sim uma sucessão delas, entrecortadas por rochedos e morros. É uma região de uma beleza estonteante, com os morros e vales terminando abruptamente sobre a costa e com uma vegetação exuberante. Em várias destas prainhas tem rios que desembocam nelas em uma combinação de rara beleza. É um lugar mais para gente mais jovem, já que seu comércio, lojas, bares e restaurantes são bastante simples e modestos. No verão falta água e luz o tempo todo pois a afluência de turistas, principalmente paulistas, mineiros e cariocas é enorme. Tem também muitos estrangeiros que vem durante todo o ano. Há várias atividades para se fazer, como arvorismo, canoagem, surfe, tiroleza, magníficas trilhas, cachoeiras, off road, rafting e vôo livre.
As principais praias de Itacaré são as da Concha, Resende, Tiririca, Costa, Ribeira, Siríaco, Prainha e São José. Uma mais linda que a outra. Um pouco além, em direção a Ilhéus, tem outras praias imperdíveis como Jeribucaçú, Engenhoca, Havaizinho, Camboinha e Itacarezinho.
Hoje o dia amanheceu muito nublado e com muito vento. Choveu bastante à noite e ficamos meio pelo barco descansando e arrumando coisas. O Vítor e eu estamos avaliando a possibilidade de fabricar uma pasta com as sementes de cacau depois de torrá-las, já começamos a desmontar as frutas e estudar as várias fases deste processo. É o início de uma próspera fábrica de chocolates.
A próxima etapa ainda depende de condições mais apropriadas, estamos com um forte vento sul nesta manhã, com ventos de 25 nós e mar agitado. Talvez saiamos na sexta para a Baía de Camamu.

domingo, 8 de agosto de 2010



Vitória – Abrolhos-Santo André- Ilhéus

Dois dias mágicos passados em Abrolhos. Muitos mergulhos em verdadeiros aquários marinhos, com uma quantidade e variedade impressionante de peixes e corais por todo lado. Convívio muito agradável com outros velejadores e com o pessoal da Marinha que cuida deste parque nacional. As noites estiveram calmas e com um céu estrelado como pocas vezes visto. Este lugar é muito especial mesmo e nos sentimos privilegiados por passar momentos como este. O farol foi outro momento especial, já que ele é todo importado datando de 1858. As lentes francesas são um show e seu sinal pode ser visto de até 50 milhas. Passamos longos momentos em seu topo observando o pôr do sol.
Também fizemos algumas caminhadas pela Ilha de Santa Bárbara e pela Ilha Siriba onde vivem em grandes colônias os atobás e algumas grazinas. Também fizemos um enorme churrasco, para mais de 200 pessoas e hoje pela manhã o pessoal da Marinha ainda nos presenteou com um monte de côcos verdes que tem aqui na ilha de Santa Bárbara.
Estas são as únicas ilhas permitidas para caminhadas pelo Ibama e mesmo assim sempre com a companhia de monitores. Realmente é uma grande reserva super-protegida pelo órgão ambiental e pela Marinha do Brasil. O arquipélago dos Abrolhos é formado por cinco ilhas e uma vasta área de corais submersos, possuindo todos corais existentes no país e ainda alguns unicamente existentes neste lugar.
A vinda de Vitória começou com uma orça apertada e um mar manso, com ondas baixas e um longo período entre elas. Depois de umas 10 horas o vento começou a ficar de cara e ondas maiores com um intervalo curto entre cada uma, tornando a navegação um pouco dura durante umas quatro horas. Depois deste período o vento rondou para leste e tivemos um vento favorável de través mas com o mar um pouco grande e irregular. Mas o grande problema era o enorme número de baleias já cerca de 40 milhas de Abrolhos. Por três vezes tivemos que reduzir a velocidade, ou mesmo parar, para não colidir com elas. É impressionante a quantidade destes cetáceos, estão por todos os lados. Houve o caso do comandante argentino Carlos, do Gipsy Wind, que teve seu barco abalroado por três vezes pela mesma baleia, levando um grande susto. Outro foi literalmente levantado no mar por uma dessas gigantes que chegam a pesar 40 toneladas. A navegação deve ser feita com o máximo de cuidado, mesmo de dia.
Nossa previsão de sair daqui de Abrolhos é dentro de mais algumas poucas horas e certamente vamos ficar com muitas saudades. O Victor está preparando um arroz com legumes e depois do almoço começamos nos preparar para deixar este paraíso.

Chegada em Santo André. Uma navegada hiper-tranquila com um mar perfeito e pouco vento. Viemos segurando o barco para chegar não tão cedo em Santo André pois deveríamos aguardar o horário da maré alta para poder adentrar o rio João de Tibas. Não houve maiores problemas, apenas por um veleiro argentino que teve que ser rebocado pelo Carlindo, nosso prático, pois teve problemas com o motor.
O povoado tem cerca de mil habitantes e fica em um lugarzinho estratégico, protegido por barreiras de recifes, numa esquina entre o mar e o rio, com pequenas ilhotas eum manguezal do outro lado do rio. Um lugar que recém começa a ser conhecido pelos turistas, com alguns estrangeiros abrindo pousadas e restaurantes ( e alguns grandes grupos comprando propriedades maiores para explorá-las no futuro). Porto Seguro fica cerca de 40 km ao sul e só por isso dá para ter uma idéia do potencial turístico deste lugar. Um pouco mais ao ao sul ainda situa-se Trancoso e Arraial d’Ajuda.
Uma grande quantidade de crianças ficam na beira do rio brincando com os barcos, visitando, nadando, fazendo corrida nos botes, enfim, se divertindo com toda esta movimentação. Para o próprio povoado é um acontecimento e promovem feiras de artesanato, demonstrações de capoeira, música ao vivo e festas à noite. Existe uma grande empatia dos velejadores por este lugar. O Ronaldo, do veleiro Feitiço, promove algumas ações sociais que ajudam a solidificar estes laços de amizade com esta comunidade e o pessoal demonstra muito carinho por nós. Alguns já conhecíamos de dois anos atrás e ficamos conversando como se fôssemos amigos há bastante tempo.
Hoje, domingo, em reunião de comandantes, foi decidido que partiremos amanhã para Ilhéus. Será uma perna bem calma, sem vento nenhum ou contra. Ou seja, vamos motorar todo o tempo. Mas é a realidade da costa brasileira, com ventos predominantes de leste/nordeste.
Muitos velejadores estão subindo o litoral brasileiro e pretendem no final deste cruzeiro ir para o Caribe. Vamos ver: tem o Guga Buy, dos queridos e dedicados João Zanella e seu filho Eduardo (que são de Florianópolis); o veleiro Triunfo; o Tuareg do Alfred e seu filho Gustav; o Travessura do Sérgio e seus dois filhos; o Shipping da velejadora Aurora; o Sonho Azul de uma casal com seus três filhos; o Temuijin, do Lúcio e sua esposa com três filhos. São alguns exemplos daqueles que vão para o Caribe e que mais tarde vão se espalhar pelo mundo. Alguns vão para o Pacífico, mas a maioria pretende mesmo cruzar o Atlântico e ir para a Europa. A vida em veleiro contempla esta possibilidade, a troca de portos, vilarejos e cidades, para onde o vento e a vontade levarem.
Vitória – Abrolhos-Santo André- Ilhéus

Dois dias mágicos passados em Abrolhos. Muitos mergulhos em verdadeiros aquários marinhos, com uma quantidade e variedade impressionante de peixes e corais por todo lado. Convívio muito agradável com outros velejadores e com o pessoal da Marinha que cuida deste parque nacional. As noites estiveram calmas e com um céu estrelado como pocas vezes visto. Este lugar é muito especial mesmo e nos sentimos privilegiados por passar momentos como este. O farol foi outro momento especial, já que ele é todo importado datando de 1858. As lentes francesas são um show e seu sinal pode ser visto de até 50 milhas. Passamos longos momentos em seu topo observando o pôr do sol.
Também fizemos algumas caminhadas pela Ilha de Santa Bárbara e pela Ilha Siriba onde vivem em grandes colônias os atobás e algumas grazinas. Também fizemos um enorme churrasco, para mais de 200 pessoas e hoje pela manhã o pessoal da Marinha ainda nos presenteou com um monte de côcos verdes que tem aqui na ilha de Santa Bárbara.
Estas são as únicas ilhas permitidas para caminhadas pelo Ibama e mesmo assim sempre com a companhia de monitores. Realmente é uma grande reserva super-protegida pelo órgão ambiental e pela Marinha do Brasil. O arquipélago dos Abrolhos é formado por cinco ilhas e uma vasta área de corais submersos, possuindo todos corais existentes no país e ainda alguns unicamente existentes neste lugar.
A vinda de Vitória começou com uma orça apertada e um mar manso, com ondas baixas e um longo período entre elas. Depois de umas 10 horas o vento começou a ficar de cara e ondas maiores com um intervalo curto entre cada uma, tornando a navegação um pouco dura durante umas quatro horas. Depois deste período o vento rondou para leste e tivemos um vento favorável de través mas com o mar um pouco grande e irregular. Mas o grande problema era o enorme número de baleias já cerca de 40 milhas de Abrolhos. Por três vezes tivemos que reduzir a velocidade, ou mesmo parar, para não colidir com elas. É impressionante a quantidade destes cetáceos, estão por todos os lados. Houve o caso do comandante argentino Carlos, do Gipsy Wind, que teve seu barco abalroado por três vezes pela mesma baleia, levando um grande susto. Outro foi literalmente levantado no mar por uma dessas gigantes que chegam a pesar 40 toneladas. A navegação deve ser feita com o máximo de cuidado, mesmo de dia.
Nossa previsão de sair daqui de Abrolhos é dentro de mais algumas poucas horas e certamente vamos ficar com muitas saudades. O Victor está preparando um arroz com legumes e depois do almoço começamos nos preparar para deixar este paraíso.

Chegada em Santo André. Uma navegada hiper-tranquila com um mar perfeito e pouco vento. Viemos segurando o barco para chegar não tão cedo em Santo André pois deveríamos aguardar o horário da maré alta para poder adentrar o rio João de Tibas. Não houve maiores problemas, apenas por um veleiro argentino que teve que ser rebocado pelo Carlindo, nosso prático, pois teve problemas com o motor.
O povoado tem cerca de mil habitantes e fica em um lugarzinho estratégico, protegido por barreiras de recifes, numa esquina entre o mar e o rio, com pequenas ilhotas eum manguezal do outro lado do rio. Um lugar que recém começa a ser conhecido pelos turistas, com alguns estrangeiros abrindo pousadas e restaurantes ( e alguns grandes grupos comprando propriedades maiores para explorá-las no futuro). Porto Seguro fica cerca de 40 km ao sul e só por isso dá para ter uma idéia do potencial turístico deste lugar. Um pouco mais ao ao sul ainda situa-se Trancoso e Arraial d’Ajuda.
Uma grande quantidade de crianças ficam na beira do rio brincando com os barcos, visitando, nadando, fazendo corrida nos botes, enfim, se divertindo com toda esta movimentação. Para o próprio povoado é um acontecimento e promovem feiras de artesanato, demonstrações de capoeira, música ao vivo e festas à noite. Existe uma grande empatia dos velejadores por este lugar. O Ronaldo, do veleiro Feitiço, promove algumas ações sociais que ajudam a solidificar estes laços de amizade com esta comunidade e o pessoal demonstra muito carinho por nós. Alguns já conhecíamos de dois anos atrás e ficamos conversando como se fôssemos amigos há bastante tempo.
Hoje, domingo, em reunião de comandantes, foi decidido que partiremos amanhã para Ilhéus. Será uma perna bem calma, sem vento nenhum ou contra. Ou seja, vamos motorar todo o tempo. Mas é a realidade da costa brasileira, com ventos predominantes de leste/nordeste.
Muitos velejadores estão subindo o litoral brasileiro e pretendem no final deste cruzeiro ir para o Caribe. Vamos ver: tem o Guga Buy, dos queridos e dedicados João Zanella e seu filho Eduardo (que são de Florianópolis); o veleiro Triunfo; o Tuareg do Alfred e seu filho Gustav; o Travessura do Sérgio e seus dois filhos; o Shipping da velejadora Aurora; o Sonho Azul de uma casal com seus três filhos; o Temuijin, do Lúcio e sua esposa com três filhos. São alguns exemplos daqueles que vão para o Caribe e que mais tarde vão se espalhar pelo mundo. Alguns vão para o Pacífico, mas a maioria pretende mesmo cruzar o Atlântico e ir para a Europa. A vida em veleiro contempla esta possibilidade, a troca de portos, vilarejos e cidades, para onde o vento e a vontade levarem.