sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Rumo ao sul

Nossa descida em direção ao sul está sendo bastante rápida. Normalmente esta época do ano (primavera) é bastante propícia para quem desce a costa brasileira . Seria assim. Ou deveria ser. Mas a verdade é que temos sido forçados a ir driblando várias frentes vindas do sul e agora fomos obrigados a buscar abrigo durante vários dias em Caravelas, no sul da Bahia.
Caravelas é outra daquelas simpaticíssimas e originais cidades baianas que situam-se adentro de rios. Apesar de ficar próxima da costa, ela esconde-se no interior do rio Caravelas, protegida dos ventos e influenciada pelo sistema das marés enchentes e vazantes. Com acesso bem fácil para quem vem de barco, através de um canal dragado e balizado pela Aracruz Celulose, que tem mais no início do rio sua base de extração e transporte de madeiras, Caravelas conseguiu manter-se afastada daquele turismo de massa predatório. Me faz lembrar um pouco de Parati e Olinda sem o cuidado e o prestígio delas.
Esta pequena e antiga cidade, fundada em 3 de novembro de 1503, mantém suas características de casario centenário e ao mesmo tempo de paisagens bucólicas tanto nas pequenas ruas como no píer onde várias embarcações estão atracadas, seja para passar a noite ou para reabastecimento de água e diesel. Observa-se uma grande quantidade de bicicletas pelas ruas, já que a cidade é quase toda plana. Ainda há mais adiante um porto pesqueiro com uma atividade bastante interessante das dezenas de pequenos barcos que saem todos os dias em busca do pescado. A população é simples e acolhedora, com um ritmo de vida muito tranquilo, típico destes lugares onde o tempo não pede passagem.
Aqui temos várias operadoras de mergulho que partem para o arquipélago de Abrolhos e uma base do Projeto Baleia Jubarte, entidade governamental gerida pelo ICMBio (a outra encontra-se mais ao norte, na Praia do Forte).
O Banco dos Abrolhos está situado numa parte da costa onde a plataforma continental estende-se por mais de 200 quilômetros, o que permite a formação deste ecossistema sem igual. O arquipélago é resultado de atividade vulcânica ocorrida há mais de 40 milhões de anos, quando houve o afloramento das rochas vulcânicas. Com o passar do tempo este solo marinho erodiu e as cinco ilhas foram esculpidas pelo mar e pelo vento. Corais, algas calcáreas e muitos outros organismos foram construindo a estrutura rochosa que hoje ocupa grande parte do Banco dos Abrolhos.
Aproveitamos nossa espera também para realizar algumas incursões pelo interior dos rios, um deles que liga Caravelas a Nova Viçosa, 20 milhas mais ao sul, onde é possível sair novamente ao mar. Fomos junto com o veleiro Mistralis, dos queridos Felipe e Karen. Devido a pouca profundidade em alguns trechos do rio acabamos não conseguindo chegar, pois encalhamos diversas vezes e no final tivemos que desistir de Nova Viçosa. Mas valeu pelo passeio!

Um comentário:

  1. Foi um ótimo passeio mesmo nossa navegação no Rio Caravelas.
    Hoje nos encontramos novamente por aqui e se ficarmos até a próxima maré cheia. Tentaremos mais uma vez realizar essa travessia até Nova Viçosa!

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